18 de abr. de 2010

Leituras fantásticas



Essa é uma ideia antiga de conteúdo para o blog, ou até mesmo para um blog alternativo sobre literatura fantástica, minha preferida. Inicialmente não quero fazer resenha de livros, mas apenas instigar novos leitores, citar alguns trechos interessantes, e talvez também "filosofar" um pouco sobre a história e tecer comparações com outros livros, autores, filmes e outra coisa que dê na telha.
Na lista de livros lidos desta categoria fantástica, obviamente já estava Alice no País das Maravilhas.
A notícia de uma nova adaptação para o cinema do livro, me fez lembrar que ainda não tinha lido a segunda aventura de Alice, Alice no País do Espelho. Aproveitei então um crédito de presente para adquirir o livro, que não se trata de uma continuação do primeiro, mas uma aventura totalmente diferente, com outros personagens e outras paisagens.
Lewis Carrol continua com sua forma leve e rápida de escrever, Alice continua muito esperta, quer dizer, mais esperta, depois de ter passado por tanta coisa já no primeiro livro.
Mas o que me levou a escrever este post foi um trecho do livro que fala sobre criação, vinda do Cavaleiro Branco, que muito lembrou-me Dom Quixote, e cuja ilustração é reproduzida na capa do livro (re-reproduzida aqui =). Após uma luta muito bizarra com o Cavaleiro Vermelho, e uma cavalgada com caídas e subidas constantes ao cavalo, o Cavaleiro Branco surpreende Alice quando cai em uma vala funda e continua o diálogo:
"-E que importância tem o lugar em que meu corpo se encontra? - perguntou. - Minha mente continua a funcionar do mesmo jeito. Na verdade, quanto mais de cabeça para baixo fico, mais facilidade tenho para inventar coisas novas." (pg 152 da versão pocket). Ótima definição da criatividade fantástica, explica talvez a criação dos mundos absurdos e oníricos de Orwell, Poe, Lovecraft, Stevenson...
Nietzsche, em O Crepúsculo dos Ídolos,filosofa (e poetiza) sobre criação, dizendo que esta se dá sempre em estados alterados da consciência, incluindo uso de drogas, amor, raiva, tristeza. No caso do Cavaleiro, a alteração parece ter sido da gravidade! Com certeza tal senhor via o mundo de cabeça pra baixo.
Semana que vem quero ir ao cinema. Vou perguntar se tem poltrona adaptada para ficar de cabeça pra baixo e ver Alice.

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