20 de jan. de 2008

Livros e influências

Tem aquele velho ditado que diz, se sua vida não está lá uma grande aventura, fale dos livros que leu. (não tem?).
Ano passado obtive duas "conquistas literárias", terminei de ler Dom Quixote e Crime e Castigo, dois clássicos, terminados no mesmo dia (30/12, ufa, quase não deu tempo de cumprir a promessa do ano passado!) num domingo que resolvi transformar em dia útil.
O interessante de se ler clássicos, além da qualidade da maioria deles (só não me venham com Emile Brontë, um pé no meu saco literário) são as citações e as inspirações encontradas em vários ramos da arte.
O único filme que lembro ter visto inspirado em Crime e Castigo foi Nina, dirigido por Heitor Dhalia (mesmo do Cheiro do Ralo). O filme perpassa apenas pela parte inicial da história, pelo que lembro não vai longe no castigo que o próprio Rashkólnikov, personagem principal, se impõe e nem em todas as tramas e personagens envolvidos. Ele tem, porém, boas imagens e consegue captar um pouco o clima sombrio, com as adaptações necessárias entre São Petersburgo do século IXX e São Paulo atual. Os desenhos feitos pela personagem principal no filme, que é uma mulher, diferente do livro, parecem servir para mostrar o tal diferencial artístico, talvez usado para comparar com o diferencial intelectual, que para Rashkólnikov seria uma justificativa para grandes personagens da História cometerem seus crimes. Os crimes seriam a anulação dos fracos, uma relação entre os fortes em sua jornada e os fracos ou inúteis sacrificados pelo caminho, apenas degraus a serem subidos.
Achei uma crítica muito “forte” ao filme http://www.abacaxiatomico.com.br/?p=463 .Bom, não vi outros filmes inspirados na obra, mas o próprio diretor fala no making off que ele apenas se inspirou no livro, então, cobrá-lo a mesma profundidade no filme seria injusto. Talvez eu deva ver de novo, depois de ter lido o livro. Lembro de ter gostado na época, mas ele realmente me chamou mais atenção pelas atuações e pelo visual – além dos desenhos, a maquiagem, o figurino e as ambientações simples e pobres, decadentes, como no livro. Mas ao menos o filme tem um crédito confirmado, o de ter atiçado mais minha curiosidade sobre o livro, que se fixou em minha mente como meta de leitura até o ano passado. Foi um livro que apesar de ter começado a ler em novembro, terminei em cerca de um mês e meio, isso porque várias coisas estavam sendo lidas ao mesmo tempo, mas ele era lido em grandes bocados, prendendo a minha atenção por horas seguidas.
Já o Dom Quixote, ótimo livro, eu demorei o ano inteiro, pois apesar da qualidade e da hilaridade (existe isso?), ele dificulta a leitura pelo estilo imitativo de livros de cavalaria, o que não poderia ser diferente, pois o propósito dele é zoar com os tais livros. As influências do Dom Quixote vão desde as telas e esculturas feitas por 8 entre 10 artistas de Dom Quixote e seu escudeiro, até as análises políticas e de comportamento, onde a palavra quixotesca é ouvida ou lida muitas vezes.
Mas sobre o seu Quixote (agora me sinto íntima, porque todo mundo fala dele mas poucos leram o livro) eu escrevo algo mais em outros posts. Com certeza estes dois livros influenciarão muito em tudo que escrever daqui pra frente, e até mesmo no meu convívio com os outros. Pessoalmente, prefiro encontrar por aí mais Quixotes que Rashkólnikovs. Bom, talvez Rashkólnikov depois dos castigos tenham histórias interessantes pra contar...

3 comentários:

Lucas Ferreira disse...

Bem, com Dostoiévski eu começei com o Dom Quixote dele, o Príncipe Mítchin do romance "O idiota". De grandes clássicos eu enfrentei a Ilíada - vc não é o mesmo depois de um clássico. rs

Parabéns, Nâdia. Muitos falam, poucos lerem. De fato.

Anônimo disse...

O Idiota! Ta aí um bom presente pro meu aniversário amanhã! aheheheh
Sempre imagino O Idiota como algo parecido com Cândido, ou O Otimista, do Voltaire. Engraçadíssimo, e o cara era um idiota mesmo :p
Mas Ilíada eu não me "aventuro" a ler, até pq não gosto de poemas pra contar histórias, pra mim poema é abstração, tá mais pra filosofia do que para História.
obrigádia! Volte sempre!:D

Игорь disse...

Olá li Dom Quixote e o velho "Dastakocich" .

Tente a Íliada . Existem versões em prosa .

Outro interessante é a Ciropedia ( Epopéia de Ciro )... , linguagem vetusta , mas você já é amiga de Dom Quixote rs

Hmmm tem mais alguns muito bons , na verdade centenas...

Gosto muito de "O Velho e o Mar"

Você escreve muito bem, continue a postar plz