15 de jan. de 2015

Mamãe?


Desespero! Tenho mais de 30 anos e sou casada, mas não fiz muito nem viajei a metade do que queria. Nunca fui das futuras mamães sonhadoras, sonhando com maternidade desde a infância. Quando casei já tinha mais de 30, e a maternidade era sempre adiada ou descartada, quando pensada vinha mais na ideia de adoção. Boa parte disto pelo despreparo (e alguém pode se dizer preparada?) e noção do tamanho da responsabilidade. Quem pensa muito não tem filho, diriam os antigos. E eu pensava muito.
Nada de emoção ao primeiro momento. A descoberta veio mesmo com desespero, choro convulsivo de pavor. Imagina se fosse uma adolescente. Tem gente muito mais corajosa que eu neste mundo. O marido é o homem mais amado do mundo e já me acalmou. Ficou doido de feliz. Já queria contar pro mundo todo depois do teste de farmácia. Eu preferi fazer o teste de sangue e avisar a família primeiro. Depois vieram avisos na internet gerais. Assim também os parentes podem sentir que são importantes pra gente.
Mas toda grávida sabe que está, ouvimos. É, não sei não. As grávidas medrosas ficam pensando que talvez não. Talvez esteja nos 0,5% de erro do teste de farmácia. Os sintomas já tinha, mas eram mais parecidos com TPM. Muita cólica, dor e inchaço nos seios. E então eu sempre achava "Hoje vem". E não vinha. Azia eu já sentia antes, portanto, não computei como sintoma. Dor de cabeça também sentia na TPM. Parece psicológico, mas o enjoo cresceu depois do resultado.
Aí de novo eu ouvia, curta a gravidez! Curtir o que? A azia, o enjoo ou a dor no seio? Oi? Pera, devo ser muita fria, ou este pessoal deve ser muito falso. Desconfio que estas frases são feitas por homens. Depois do primeiro trimestre deve ser melhor, você já pode sentir o bebê se mexer, já pode planejar a vinda, etc. Mas o começo, por favor, me escrevam meninas que conseguiram curtir o mal estar, só sendo muito fissurada em ser mãe mesmo, para estas talvez tudo isto pareça curtição.
Tentamos encarar como o natural que é, sem grandes expectativas, tentando não achar que meu filho salvará o mundo, apesar de nosso mundo mudar pra sempre.
Ver o ultrassom é algo para se curtir. Ainda mais por no nosso primeiro ele já estar com formas de bebê, se movendo, de coração acelerado. Ficamos muito, muito felizes em ver nosso filho pela primeira vez.E é muito legal pesquisar e saber o tempo em que cada órgão se forma, o quanto ele vai crescendo. O tempo passa devagar nos primeiros meses. Você nem tinha certeza da existência da criança, e quando descobre quer que cresça logo. Mas as semanas passam lentas, só para provocar.
Na foto nosso primeiro ultrassom, com 8,5 semanas.

4 comentários:

Unknown disse...

Fofos. =D

Unknown disse...

É o Gui... mas que droga este blogger... num consigo publicar com meu nome. Sucks

Elaine disse...

Nádia! seu relato foi mais que sincero, foi algo carnal e espiritual ao mesmo tempo, em outras palavras diria que talvez eu na sua situação diria e sentiria o mesmo, tal qual.Mas o mais legal é que seu texto me lembrou da música "Chega de Saudade" do Tom Jobim, em que em dado momento, a "vibe" antes triste, dá um acalento, uma esperança: "... mas se ela voltar, que coisa linda, que coisa boa". Assim foi vc, depois de muito justamente expor os contratempos subjetivos e objetivos de uma gravidez, se reconcilia: "Ver o ultrassom é algo para se curtir. Ainda mais por no nosso primeiro ele já estar com formas de bebê, se movendo, de coração acelerado. Ficamos muito, muito felizes em ver nosso filho pela primeira vez" e aí, a esperança ressurge ;)

Welma disse...

Nádia, me identifiquei, de cara, com seu texto...Tem um tipo de sensibilidade realista que deixa a gente grávida mais a vontade pra sentir. Já quero ver como vai estar esse amendoimzin no próximo usg c quase 9 semanas.Beijao