dia tava tranquilo, curtindo a paz do dia nublado
quando parece que o mundo, tá descansado
e não clamando por campos floridos.
Agora meu caderno está tingido
Com cheiro de café vencido,
Graças a Tilim, o monstro
o mais fofo cachorro fedido
Só para fazer um trocadilho mesmo.
dia tava tranquilo, curtindo a paz do dia nublado
quando parece que o mundo, tá descansado
e não clamando por campos floridos.
Agora meu caderno está tingido
Com cheiro de café vencido,
Graças a Tilim, o monstro
o mais fofo cachorro fedido
Porque a roda-vida carrega a roseira
mas não carrega as goteiras pra lá?
Mas eis que chegasse a roda-viva
e resolvesse a vida
porque já não tenho de onde tirar
a sorte ou falta dela é uma senhora
com muito o que inventar
tratoreia os otário tudo
sem sair do lugar
roda moinho
moída de remar
roda peão cansado
[não tem mais nem este programa]
e volta pra trabalhar
o vizinho escuta música alta,
mas não dá pra reclamar
porque é Djavan
cachorro pula no colo
mas não dá pra reclamar
porque é inverno
fui esmagada
mas não dá pra reclamar
porque é um abraço
mas que feio criticar
poema que fazem pra gente
assim não deixa vingar
a beleza da semente
a rima certa é aquela
onde se fala o que sente
segura a onda da chatice
não é correto a cretinice
pobre é a sua tolice
vou fazer a minha rima
conforme eu mesma disse
se tivesse um barquinho
e soubesse pilotar
a gente ia bem rápido
do sul pra Palhoça
nessa ilha sem transporte
o mar só serve pra esporte
daqui da janela eu vejo
mas pra chegar vai com sorte
2 ou 3 horas de sacolejo
de espera, para, sobe
desce, espera, corre
se perder já era, amanhã talvez
esse mar não tá pra pobre
não tem carro, não tem vez
Aqui, sono
Tempo nublando de segunda
Cansada, moribunda
Aqui, criança, só tem uma
Mas tem cachorro
tem dor no corpo
tem esforço
desegunda
Princesa é sua sobrinha!
Não gosto de monarquia
Mas se insiste na alegoria
Com certeza sou rainha
toda remendada,
requenguela,
requentada,
toda desmiolada,
desmedida,
ressentida
quem vai querer?,
não tá vendida!
toda encantada,
exagerada,
imprevista
toda inventada
mas real
esquisita
quem vai querer?
é enrolado,
mas tem vista
posta a foto de biquíni
de revista
na vitrine
toda construída,
criticista
humorista
quem vai querer
peça única
compra à prazo ou à vista
Eu falei que não ia contar
Mas eu tenho a língua solta
vou fazer só uma conta de idade aqui para entender
Se eu tenho 44 com cara de 35 e condições de saúde de 70
O meu 44 deve ser a média de
35 de cara +
70 de saúde +
27 de idade mental / 3
Agora faz sentido
Porque tem quase tanto Bob legal quanto Chico bacana!
Chico Buarque, Chico Anysio, Chico Bento, Chico Science, Xico Sá...
Bob Marley, Bob Dylan, Sponge Bob, Bobby McFerrin, Bob Moses...
Gosto de ver filmes de coisas impossíveis e séries de coisas já passadas. Ou o contrário. Escrever poemas pobres de rimas tortas e prosa de chocolate. Tirar fotos aleatórias do formato das sombras e de pequenas luzes do cotidiano nas cenas. Tomar café com podcast e sem açúcar. Cantar alto no meio de uma tarde de quarta só porque eu posso.
Gosto de ver possíveis passados e séries de filmes impossíveis. Pelo contrário! Escrever rimas de chocolate e pobres prosas tortas. Tirar fotos dos formatos de pequenas luzes nas sombras do cotidiano das cenas aleatórias. Tomar podcast sem açúcar com café. Poder só cantar no meio de uma tarde alta de quarta.
Gosto de impossíveis passados em filmes e séries já passadas. Tá tudo ao contrário? Escrever poemas de prosas tortas de rimas de chocolate. Tirar fotos de pequenas cenas cotidianas de sombras e luzes de formatos aleatórios. Açúcar, mas sem café, e podcast amargo. Quartar com alto canto no meio da tarde.
Gosto de filmes do passado e tortas de chocolate. E séries de coisas impossíveis e rimas tortas e prosa de coisas do passado e muito ao contrário também, escrever! Podcast de foto de café com luzes do cotidiano aleatório e sombras pequenas das cenas com formatos . Poder uma tarde de canto altas de uma quarta só.
Só não sou mais artista
porque tem aritmética
nas notas musicais
tem que fazer proporção
menos e mais na fotografia
sem contar a geometria
proporções e cálculos
contar sílaba na poesia
digo que minha escrita é moderna
para não ter arritmia
para não fazer conta
para fugir das exatas
e continuar nas tontas
não vou contar sílaba tônica
Guenta, que estou aqui,
ouvindo jornal,
enviando email e
falando contigo
Guenta aí, pois preciso
resolver o almoço
me preocupar com os boy
e saber se invisto
Espera! ainda preciso,
responder a professora
o grupo da escola
cobrar o orçamento do vidro
Eita, esqueci da conta
qual pagar, quanto vai dar
deixo render ou retiro
Espera, hoje é sexta
vou sair, pagar babá
ou me contentar com a pizza
ai que paz, ai que silêncio.
filho na escola, pet no banho 🧘🏽♀️
parece tão fácil trabalhar, que nem tento
ai que paz, ai que silêncio
uma casa sozinha
não tem cachorro, não tem grito
escuto até o vento
ai que paz, ai que silêncio
a máquina batendo, me volta a vida
a reunião em pouco tempo
e eu no blog escondida
ai que paz, ai que silêncio
se fosse assim todo dia
faria mais poesia?
ai que paz, ai que silencio
dia de sol, nem quente, nem frio
trabalho do sofá
no braço, um café esfria
Que cansada
Que canseira
é muita coisa disfarçada, bem não cheira
é tanto desrespeito disfarçadao de cuidado
é tanto atropelo disfarçado de encontro
é tanto preconceito disfarçado de aviso
"são tão boas intenções, só falei de improviso"
tem que cuidar sempre, quando pensa que pode
já sobe um cuidado!
a eterna vigilância do minorizado
Quando descansa a militante,
se em 2025, a culpa ainda é do atropelado
21 +
21-
8578
fazendo as contas aqui, acho que não vai dar
não vai dar tempo
nao vai dar liga
não vai dar certo
nem com figa
não vai dar pé, não vai dar bom
um encontro ou uma briga?
toda uma vida pela frente, toda outra pela metade.
a tecnologia permite ou empresta,
um tempo, no sem tempo de tudo
Duas semanas no espaço-tempo
a gente bem queria, mas nao vinga
Eu queria era que você fosse mais escritor e descrevesse o que vê quando sai de casa, como se fossem fotografias mentais com as suas impressões.
Conte da sua infância, como era viver na cidade onde nasceu. Você sentia frio, calor, amor, alegria? Como eram seus amigos, qual sua brincadeira preferida ou tinha algum segredo, aquele que na época parecia ser um fim do mundo, e com o passar dos anos você viu como era nada?
E depois, quem foi a primeira paixonite, foi infantil ou foi adolescente? foi namoro ou flerte ou platônico? alguém mais velho ou coleguinha de escola.
Este retrato, além das fotos, era o que eu queria.
E as aulas, de escola, de curso, você bagunçava, prestava atenção, viajava no tema? Lia com antecedência a matéria, ou estudava tudo de última hora, na madrugada antes da prova ou na manhã do dia?
O que eu quero é material para fazer o romance que eu já tenho em minha cabeça. Preciso do material de um dos protagonistas. Pode ser parte fictícia, não me importa, desde que seja bonito, ou desde que eu possa usar floreando a meu gosto, ou fazendo parte fictícia.
Eu mudo os nomes, as datas, os locais, talvez algo muito marcante da cultura local fique difícil de mudar, isto talvez dará algumas pistas para um bom detetive literário. Mas mesmo assim será sem nome. Mudamos os nomes, talvez alguns mais comuns ou menos comuns, o que mais parecer sonoro, ou o que mais parecer disfarçar. é melhor parecer único ou é melhor mais um José ou João?
Não quero nomes, não quero datas, mas quero impressões para ver através dos seus olhos, quero saber se você vê poesia no mundo, como sente a música, se compara comida com música, se palavras te lembram filmes ou te lembram livros. se livros te lembram pessoas, ou pessoas te lembram poemas.
Qual lugar você sempre quis ir? Você conseguiu ou mudou de ideia?
quantas ideias você já mudou ou quantas vezes mudou de ideia. as suas, mais do que a dos outros, a dos outros nunca saberemos.
mas você insiste em falar como foi o dia de hoje, de ontem. e eu tenho que ter este trabalho aqui de fazer a cena toda sozinha. imaginar da sala à cozinha. imaginar a rua e a vizinha. as pessoas não ajudam os escritores e depois reclamam que não são fiéis. se não me alimentam de visões, eu imagino as cores.
Só isso eu pediria. Onde bate o sol quando senta no sofá? É bonito ver a luz escapando da cortina? Tem um muro, uma montanha, outra janela da janela? A hora que acordou não me importa. Tinha vento no rosto, tinha barulho, tinha nada. Pensou no passado ou no futuro. Sentiu gosto amargo, vontade de ficar mais, ou se sentiu acelerado. Pensou em alguém ou em muitas pessoas, na faixa de Gaza, na tragédia humana, na discussão passada, na palavra dada ou perdida.
imaginar roteiros é estar só. as pessoas não me dão mais moradia. fica a mente vagando distante, querendo do mundo um pouco mais de ousadia. onde se guarda o sonho, se ninguém mais sonha nada. como se inventa mundos, se contar do dia virou agenda, virou lista de padaria.
me contem, me contem tudo, não quero viajar sozinha. quero absorver do mundo as histórias. e mudar tudo que eu queria.
Passar do tempo pela mexerica
Maio já tem mexerica na feira
Se já tem mexerica, já tem dias frios
Logo chega festa junina
Ainda ontem era novembro
de mexericas congeladas
Hoje já tem mexerica
Vistosa e laranja
para ser comprada
Para sentir passar o tempo
sem ser atropelada
Tem que atentar pra mexerica
antes de ser congelada