22 de ago. de 2025

tudo normal dentro do caos

Guenta, que estou aqui, 

ouvindo jornal, 

enviando email e 

falando contigo


Guenta aí, pois preciso

resolver o almoço

me preocupar com os boy

e saber se invisto


Espera! ainda preciso,

responder a professora

o grupo da escola

cobrar o orçamento do vidro


Eita, esqueci da conta

qual pagar, quanto vai dar

deixo render ou retiro


Espera, hoje é sexta

vou sair, pagar babá

ou me contentar com a pizza



21 de ago. de 2025

ai que paz, ai que silêncio

 ai que paz, ai que silêncio. 

filho na escola, pet no banho 🧘🏽‍♀️

parece tão fácil trabalhar, que nem tento


ai que paz, ai que silêncio

uma casa sozinha

não tem cachorro, não tem grito

escuto até o vento


ai que paz, ai que silêncio

a máquina batendo, me volta a vida

a reunião em pouco tempo 

e eu no blog escondida


ai que paz, ai que silêncio

se fosse assim todo dia

faria mais poesia?


ai que paz, ai que silencio

dia de sol, nem quente, nem frio

trabalho do sofá

no braço, um café esfria

a culpa ainda é do atropelado

Que cansada

Que canseira

é muita coisa disfarçada, bem não cheira


é tanto desrespeito disfarçadao de cuidado

é tanto atropelo disfarçado de encontro

é tanto preconceito disfarçado de aviso

"são tão boas intenções, só falei de improviso"


tem que cuidar sempre, quando pensa que pode

já sobe um cuidado! 

a eterna vigilância do minorizado


Quando descansa a militante, 

se em 2025, a culpa ainda é do atropelado

15 de ago. de 2025

 Figurinha de bom dia 

quando a tecnologia encontra as tia 

13 de ago. de 2025

aspirador, tv, microondas

porta do quarto, mente, organiza

vidro no chão, conta vazia

vontade agoniza

12 de ago. de 2025

grandes distâncias no espaço(-) tempo


21 +

21-

8578


fazendo as contas aqui, acho que não vai dar

não vai dar tempo

nao vai dar liga

não vai dar certo

nem com figa


não vai dar pé, não vai dar bom

um encontro ou uma briga?


toda uma vida pela frente, toda outra pela metade.

a tecnologia permite ou empresta,

 um tempo, no sem tempo de tudo


Duas semanas no espaço-tempo 

a gente bem queria, mas nao vinga

2 de ago. de 2025

Imaginar da sala à cozinha

Eu queria era que você fosse mais escritor e descrevesse o que vê quando sai de  casa, como se fossem fotografias mentais com as suas impressões.

Conte da sua infância, como era viver na cidade onde nasceu. Você sentia frio, calor, amor, alegria? Como eram seus amigos, qual sua brincadeira preferida ou tinha algum segredo, aquele que na época parecia ser um fim do mundo, e com o passar dos anos você viu como era nada? 


E depois, quem foi a primeira paixonite, foi infantil ou foi adolescente? foi namoro ou flerte ou platônico? alguém mais velho ou coleguinha de escola. 


Este retrato, além das fotos, era o que eu queria. 


E as aulas, de escola, de curso, você bagunçava, prestava atenção, viajava no tema? Lia com antecedência a matéria, ou estudava tudo de última hora, na madrugada antes da prova ou na manhã do dia? 


O que eu quero é material para fazer o romance que eu já tenho em minha cabeça. Preciso do material de um dos protagonistas. Pode ser parte fictícia, não me importa, desde que seja bonito, ou desde que eu possa usar floreando a meu gosto, ou fazendo parte fictícia. 


Eu mudo os nomes, as datas, os locais, talvez algo muito marcante da cultura local fique difícil de mudar, isto talvez dará algumas pistas para um bom detetive literário. Mas mesmo assim será sem nome. Mudamos os nomes, talvez alguns mais comuns ou menos comuns, o que mais parecer sonoro, ou o que mais parecer disfarçar. é melhor parecer único ou é melhor mais um José ou João? 


Não quero nomes, não quero datas, mas quero impressões para ver através dos seus olhos, quero saber se você vê poesia no mundo, como sente a música, se compara comida com música, se palavras te lembram filmes ou te lembram livros. se livros te lembram pessoas, ou pessoas te lembram poemas. 


Qual lugar você sempre quis ir? Você conseguiu ou mudou de ideia? 

quantas ideias você já mudou ou quantas vezes mudou de ideia. as suas, mais do que a dos outros, a dos outros nunca saberemos. 


mas você insiste em falar como foi o dia de hoje, de ontem. e eu tenho que ter este trabalho aqui de fazer a cena toda sozinha. imaginar da sala à cozinha. imaginar a rua e a vizinha. as pessoas não ajudam os escritores e depois reclamam que não são fiéis. se não me alimentam de visões, eu imagino as cores. 


Só isso eu pediria. Onde bate o sol quando senta no sofá? É bonito ver a luz escapando da cortina? Tem um muro, uma montanha, outra janela da janela? A hora que acordou não me importa. Tinha vento no rosto, tinha barulho, tinha nada. Pensou no passado ou no futuro. Sentiu gosto amargo, vontade de ficar mais, ou se sentiu acelerado. Pensou em alguém ou em muitas pessoas, na faixa de Gaza, na tragédia humana, na discussão passada, na palavra dada ou perdida. 


imaginar roteiros é estar só. as pessoas não me dão mais moradia. fica a mente vagando distante, querendo do mundo um pouco mais de ousadia. onde se guarda o sonho, se ninguém mais sonha nada. como se inventa mundos, se contar do dia virou agenda, virou lista de padaria.


me contem, me contem tudo, não quero viajar sozinha. quero absorver do mundo as histórias. e mudar tudo que eu queria.


1 de ago. de 2025

Mas tá falando da coluna ou da vida?

 Eu sou tão torta, que se me endireitam

 me sinto torta

19 de mai. de 2025

trava-língua descarrilhado doce

 Tico e Teco comem um kit kat e depois um tic tac no boteco


 

Passar do tempo pela mexerica



Maio já tem mexerica na feira

Se já tem mexerica, já tem dias frios

Logo chega festa junina


Ainda ontem era novembro

de mexericas congeladas


Hoje já tem mexerica

Vistosa e laranja

para ser comprada


Para sentir passar o tempo

sem ser atropelada


Tem que atentar pra mexerica

antes de ser congelada



28 de jun. de 2022

Então, tinha esse menino

Então, tinha esse menino. De olhos grandes e ..não, espera, o olho dele era de um tamanho normal. Mas algumas vezes, quando animado, ele abria o olhão castanho de árvore, e iluminava tudo com aquele brilho de criança. 

Esse menino tinha um amor natural de toda criança, mas muitas vão perdendo pra vida. Aquele amor de perdoar tudo quase instantaneamente, mais rápido que preparar miojo. Este amor não precisa ser ensinado a não guardar mágoa, porque é muito mais válido sentir o amor de volta de quem antes estava triste. E quer ficar juntinho, sempre, não desgrudar mais. mesmo usando seu moletom fofinho no inverno como desculpa para este grude. Mas isto é só porque ele está crescendo. e meninos grandes tem de demonstrar ser mais independentes e durões. tem? De tanto não praticar podemos nos esquecer deste amor miojo. Tem aquela técnica de fingir tanto que você pode e no fim conseguir. Mas o contrário também é válido. Se você passa muito tempo fingindo desamor, este amor quentinho e presente se perde na vida. Como passa a sensação de saciedade de um miojo.

Queria pedir ou poder dar de presente para este menino em seus 7 anos a permanência destes grandes olhos iluminando amor. Continue insistindo em mostrar o desenho, o lego, o vídeo engraçado para presentear a todos com sua criatividade e entusiasmo. Entenda que se o moço não quis ver é ele quem perde estes momentos, passando tão rápido, e que eu não seja esta pessoa a perder. Insista no amor do perdão, mas saiba impor limites. ou infelizmente, quem a vida fez perder este brilho vão passar por cima e ir apagando o seu também um pouco. 

Meu menino cada vez mais do mundo. A cada ano é menos meu e mais do mundo, mas ao mesmo tempo a cada ano tem mais consciência deste amor. Que possamos falar todos os dias o "eu te amo pra sempre e todo sempre". E que ele seja o pra sempre e também o de cada momento. Todo desenho, todo abraço, todo cheiro, toda mão dada para atravessar a rua, todo leitinho com bolinho preparado, toda mão esticada para dormir em cima, todo livro lido (mesmo os que a mamãe resume umas partes porque tá com sono) toda canção para dormir, todo passeio, toda conversa sobre jogos em que eu entendo a metade, toda pergunta que eu explico e ele entende a metade... enfim o todo sempre não parece mais redundante. Deve significar isto: um sempre de todo dia. Desde que então, tinha esse menino.

4 de dez. de 2015

Caio, 5 meses. O que aprendi. E não aprendi

Caio, quase meio ano conosco. Que aventura tem sido. Quantas vezes seus pais se apaixonaram e brigaram de novo pelos mesmos motivos: a forma como és criado, como levar a vida e a relação a dois após sua vinda, e também pelas tantas noites sem sono tranquilo, o que tira o bom humor de qualquer mortal.
Ainda não sei na maioria das vezes porque você chora conforme dizem que os pais aprendem. Ainda não aprendi, será que um dia irei? Ainda não sei o que fazer para você dormir uma noite inteira, nem como te pôr pra dormir sem protestos de sua parte. Deixar no berço e dizer boa noite depois de uma história. Será que um dia? Ainda não sei cortar suas unhas, a simples ideia de uma tesoura, mesmo sem ponta perto de um bebê me deixa apavorada, e o cortador e lixa parecem não dar conta de unhas moles e meio encravadas.
Ainda não sei usar o sling direito, e nem por quanto tempo conseguirei te segurar, sendo você um bebê tão grande e forte parecendo mais filhote de gorila e não de dois saguis magrelos feito seus pais. Ainda não sei como suportarei te deixar para ser cuidado por estranhos, quando chegar a hora da creche. Ainda não sei como tem amigo dos seus pais que ainda não tirou o tempo da cartola para vir te conhecer. Mas isto, eu sei, é porque sou uma mãe coruja e mesmo correndo o risco de ser ridícula, te acho um dos bebês mais lindos e simpáticos que eu já conheci.
Também já sei que sou mãe conforme sempre fui de personalidade: Atrapalhada, palhaça e teimosa. No bom e no mau sentido, pois não sei quando minha teimosia é pela forma correta ou errada de te cuidar. Sei que te ter no colo e te fazer rir são as melhores coisas do mundo. Sei que a vida pré Caio era cheia de tempo e tédio. E que este meu coraçãozinho egoísta nunca poderia pensar em amar tanto alguém antes de você nascer.
Feliz mensário, que venham centenas destes, e que eu possa estar contigo na maioria deles.

29 de nov. de 2015

Que parto!

E quanto tempo! Meus vinte leitores; Saudades! Queria escrever mais coisas sobre a gestação, mas agora, mais de 4 meses depois do nascimento do Caio parece já um mundo distante a época de gravidez. Os quilos já foram perdidos, a barriga secou, tirando o umbigo ainda meio caído, tudo voltou ao normal. Quantas vezes e quantas coisas quis escrever, mas parece que toda vez o Caio acordava, reclamava, protestava...pode ser timidez. Ele nem sabe da existência do diário da vida uterina dele. E nem das tantas experiências e vivências que ele nos faz ter pelo simples fato de estar no mundo. Hoje ele resistiu muito às sonecas e dormiu cedo à noite, escapando do banho (ah, malandro!). Por isso eu estou de volta.
Voltar ao blog é interessante, pois a última postagem foi exatamente um dia antes do nascimento, e no mesmo dia 3 de julho, por volta das 23:30 da noite a bolsa estourou. Mais de 20 horas depois, as 20:14 do dia 04 de julho Caio nasceu. E eu aqui escrevendo sobre os "longos" partos de 15 horas e o quanto eu esperava ser um dos casos de parto simples e natural, daqueles que nem precisa anestesia.
Ao menos as primeiras 10 horas não senti muita dor, as contrações pareciam fortes cólicas e tinham intervalos de meia hora entre elas. No final da manhã e no começo da tarde do dia 04 as dores aumentaram e ficaram menos espaçadas, e entre as contrações eu também sentia dor, só menos intensa. Pedi arrego mesmo,ou melhor, a peridural. A médica me perguntou pela manhã o grau da minha dor, de 0 a 10, e eu disse 7. No meio da tarde ela não perguntou, mas eu disse 11, me dá uma anestesia, PELAMORDEDEUS. Não exatamente com estas palavras, mas com este nível de desespero no olhar. Não gritei. Não entendo quem grita com dor. Até hoje acho que dor de quem grita não é tão aguda, pois com muita dor se fica fraco. Escorriam lágrimas aos borbotões como dizem nos livros antigos. E eu não conseguia falar quase nada. A pressão subiu e eu estava quase inconsciente. Disse o anestesista ter perguntado meu nome 3 vezes e eu não respondi. Perguntou? A médica não quis dar a anestesia logo, me pediu para tentar sentar na bola de Pilates (ai, doeu mais) ou ficar sentada embaixo do chuveiro quente, pois a dilatação estava grande e se tivesse anestesia ia demorar bem mais o parto. Eu falei: prefiro 3 horas de parto do que mais 1 minuto desta dor. Eu e minha grande boca novamente. Ficamos 3 horas na sala de parto.
A mão do pai foi tão apertada que ele teve de tirar a aliança para eu não machucar. E o chuveiro só serviu para amenizar as dores entre as contrações, pois as danadas continuavam doendo de quase desmaiar. Uma dor aguda e perturbadora. Achei que minha época de adolescente atleta poderia ter reforçado meu corpo. Mas na verdade tive muito mais tempo de sedentarismo.
Enfim, após uma longa hora de chuveiro e eu insistindo na anestesia, ela acionou o anestesista, mas ele estava acompanhando uma cesárea. Depois fui levada pra sala de anestesia, e esta história de passar imediatamente a dor não funcionou. Foi diminuindo, mas ainda doía e agora eu nem tinha mão para apertar, pois na sala fiquei sozinha olhando para um relógio de parede, sentada na cadeira de rodas nada confortável. Quando se podia conversar comigo e as lágrimas secaram, talvez uma hora depois, eu fui pra sala de parto.
Doutora Beatriz foi um poço de paciência e calma, parecia uma parteira velha e sábia, e não uma jovem médica. Colocou música, gênero escolhido por mim, me fez trocar de posição várias vezes para manter o ritmo dos batimentos do bebê, falava "ótimo", está quase, toda vez que eu fazia força. E o papai ponta firme do Caio falava "quase, muito bom". O "quase" deles demorou 3 horas, eu muitas vezes pensei em pedir uma cesárea, mas sabia que naquela altura não seria muito conveniente, pra dizer o mínimo. Por efeito da anestesia, só sabia que estava fazendo força por um alívio da dor na costela, e pela lembrança que temos do movimento de força para baixo.
A vovó do lado de fora rezou para a nossa senhora do bom parto, que eu nem sabia da existência, pelas longas horas.
Te digo que eu mesma quase não acreditei quando nasceu. E não tive nada de tanta emoção instantânea. Tive alívio, alívio porque deu certo, alívio porque acabou, alívio porque nasceu. E não acho que já sabia o que fazer ou como segurar o Caio. Estava trêmula do esforço, do cansaço, nada do que li me passava pela cabeça, nenhuma preparação na hora da estafa. As enfermeiras me deram e colocaram no meu peito para mamar o colostro. E elas apertam o peito, e dói, mas saiu o líquido, ufa de novo. Levo o Caio nos braços e na cadeira de rodas para o quarto depois de ser lavada e me colocarem a fralda.
Depois é a preocupação, a rotina de 48 horas de maternidade com muitas visitas para o Caio e para mim. Tira pressão, dá banho no Caio, toma remédio, traz lanche, traz almoço, vem pediatra, ginecologista, enfermeira, e sei lá mais quem do hospital. Não se dorme também, qualquer respirada mais funda do bebê eu acordava, pegava nele para ele me sentir e eu senti-lo.
Sinceramente só me emocionei mesmo quando saímos da maternidade, e mesmo na noite chuvosa e sem lua Caio prestava muita atenção em todas as luzes e movimentos, olhando com os olhos bem vivos e curiosos. Lá estava meu filho, experimentando o mundo pela primeira vez.

3 de jul. de 2015

Sobre os príncipes e princesas e o meu macaquinho!

De um tempo pra cá, não sei quando, virou moda chamar os filhos de "herdeiros", príncipes, princesas. Mesmo se os pais forem assalariados e sem muitas posses. Nos enfeites de porta de maternidades, chás de bebê, roupas e outros itens de decoração para crianças, proliferam as imagens de coroas, com tons dourados, rococós e outros ícones de realeza. Já lidávamos com as princesas Disney faz tempo, mas não lembro de ver tantas alusões à monarquia para comemorar o nascimento e a vida de ambos os sexos de crianças. Talvez em outros países com governos de monarquia isto nunca tenha deixado de ser moda, mas é interessante notar esta onda no Brasil, e ver que infelizmente o complexo de inferioridade tupiniquim ainda persiste em muitos âmbitos da nossa vida, mesmo assim disfarçados na beleza de inocentes artesanatos.
Dizer simplesmente que é brega seria uma opinião vazia. Não que eu não ache. Mas vou além. Acho mesmo a monarquia uma forma ultrapassada e onerosa de governo. Não acho bonito ser príncipe. Não me acho também uma "rainha do lar" para ter um "herdeiro" considerado príncipe. Não quero tampouco que ele seja tratado como tal, nem por mim nem por ninguém. Este tratamento diferenciado, como se realeza tivesse mesmo outra cor de sangue ou outro cheiro de cocô (no popular, cagar perfumado) não me parece adequado para educar nenhuma criança. Ainda mais uma de classe média, filho de professor no Brasil e de mãe por enquanto desempregada, e portanto, sem grandes regalias na vida.
Mas aí está também um sintoma de mães e pais "tardios", com mais de 30, quase 40 anos, que pensam em ter só um filho e acabam colocando a criança num pedestal. Muitas vezes trabalham como escravos para manter o padrão de vida de príncipe para o filho. E o filho pode tudo. Como um príncipe realmente. Mas no caso um príncipe filho de proletário. Estranha situação.
Por outro lado, se ele é um príncipe, terá de esperar calado sem muito poder apitar até que o rei ou rainha faleça e ele venha a assumir o "trono", o mando da casa. Interessante é que lendo um dos best sellers sobre educação no Brasil, "Quem ama, educa" emprestado por uma cunhada, Içami Tiba fala sobre uma casa democrática, onde os filhos podem também ter um papel decisivo em questões, desde que eles saibam mais sobre elas. Por exemplo, tecnologia. Não faz sentido o pai ou mãe escolherem sobre o computador ou a internet, se o filho pesquisa mais e sabe muito mais a respeito. Resguardado, claro, a questão financeira. Mas isto pode se tornar um debate, e as partes podem chegar juntas à melhor decisão, o tal melhor custo x benefício. Isto me parece uma boa dica e uma forma harmônica de educar. Muito diferente do principezinho mandar e desmandar, ou do rei ou rainha mandar e o príncipe sempre calar a boca. Mas parece que as pessoas leram e não absorveram esta parte do livro.
Pois é, por todos os lados que eu vejo, esta associação com monarquia me parece ruim. Opa, abro uma exceção para as alusões ao príncipe do livro "O pequeno príncipe" pois este fala sobre a necessidade de se manter a criança sonhadora dentro dos adultos, as amizades, e outras coisas essenciais e "invisíveis aos olhos" em nossa vida. O príncipe no caso é príncipe só de seu mundo particular, e sai humildemente pelo universo a conhecer e aprender com os mais variados tipos de seres e situações.
Mas em tempo de tantos príncipes, prefiro que nosso filho seja um macaquinho. Em minha adolescência minha mãe descobriu os signos chineses e nos deu livros sobre os nossos. Eu adorei ser macaco. Debochado, brincalhão. Sempre gostei de macacos, e achei o máximo este ser meu signo. Neste caso, filho de macaca, macaco será. Por uma dessas maluquices da vida, acabei indo morar no meio da maior floresta do mundo, de onde vieram meus pais e avós, e lá acabou sendo gerado nosso filho. Inicialmente quando pensei no tema para chá de bebê e para enfeite de porta não me passou pela cabeça esta associação, mas agradeço à minha amiga Marion por me lembrar de mais um motivo para que eu fuja das coroas e prefira as árvores e os macacos para recepcionar meu filho, que nascerá de uma mistura bem brasileira, com muito orgulho.

25 de jun. de 2015

Os dindos!

Fui eu que escolhi? Lembro de ter ouvido o papai falar sobre um possível diálogo futuro com o cunhado, em que ele citava o Caio. Era algo sobre ter faltado a um compromisso. "Não tenho culpa cunha, seu afilhado ficou doente e não conseguimos dormir!"
Este cenário dos muitos que chegamos a montar e imaginar para nossa vida com filho foi relatado antes mesmo que falássemos sobre escolha de padrinhos. A escolha já tinha me passado pela cabeça e parecia natural. E vi então que isto não acontecia só comigo. Gera ciúme na família escolher um dos tios, claro, mas gera também entre amigos e parentes escolher um outro casal de amigos.
Mas porque a escolha parecia tão natural? Talvez por Elaine e Yan, além de serem pessoas tão especiais para nós, serem pais de uma das crianças mais meigas e educadas que conhecemos. Ora, se os padrinhos são os que cuidarão do filho em sua ausência, qual a melhor escolha além daqueles que já demonstram diariamente saber amar educando?
Puxa saco do sobrinho ou tia coruja, podem pensar. Mas esta opinião sobre meu afilhado vem de muita gente que o conhece, até mesmo por pouco tempo. Ter sido já escolhida para madrinha não foi pesado neste caso como obrigação de fazer o mesmo, só gerou uma situação divertida, de dupla "comaradagem" - comadre de lá, comadre de cá.
Posses ou situação econômica são tão volúveis e mudam tanto, que o motivo algumas vezes pensado para esta escolha, "estabilidade" nunca passou por minha cabeça.
Nada contra quem dá múltiplos padrinhos para não gerar ciúme, ou para assegurar que o filho tenha sempre um porto seguro, ou sei lá por qual motivo, mas se justamente é uma escolha para um talvez futuro que não queremos pensar, da falta dos pais, mesmo que temporária, penso que pode gerar mais confusão tantos padrinhos. Diferente de padrinhos de casamento, que são pensados como um suporte ao casal, e neste caso podem haver muitos e muitas. O que estiver disponível para aguentar as xurumelas. Em ambos os casos também se conta o apoio já dado ao casal e a clareza, a maturidade de vida para futuros conselhos. De você eu aceito conselho, pode ser meu padrinho. De vocês, dindos, eu aceito conselhos para o meu filho. Sei que virão desinteressados, querendo sempre o melhor para a família. Isso não significa não ouvir outros parentes e amigos, ou nunca deixar a criança ser cuidada por outra pessoa.
Escolher os padrinhos, é, também, um exercício de adivinhação. Com quem meu filho terá mais afinidade, quem ele escutará? Pois você está escolhendo uma relação futura para ele, antes mesmo do seu nascimento.
No meu caso, mesmo grande parte das duas famílias sendo muito religiosa, o apadrinhamento será "apenas" um acordo tácito, sem batizar a criança em algo que ela não entende, não compreende e não será de forma alguma obrigada a seguir. Este tipo de adivinhação prefiro não fazer.De um casamento sem padre ou pastor, não faz sentido um apadrinhamento com igreja.
Ser chamada de dinda por uma criança tão especial me dá sempre uma grande alegria. Esta abreviação é das mais meigas e fofas, se está certa eu não sei e não importa. Espero poder fazer com que pessoas especiais sintam um pouco esta alegria também.

22 de jun. de 2015

Ai, que sono!, Ai que dor, ai que saco! :-/

Falei antes em comentário de um post, que ao saber da previsão de peso do Caio ao nascer me assustei e pensei logo em cesariana. Depois em conversa com outros médicos e em outros ultrassons o peso previsto continuou o mesmo, mas me esclareceram estar totalmente dentro da normalidade o peso de 3,5 kg. As leituras sobre os procedimentos e o pós operatório da cesárea me fizeram ter mais medo desta do que do parto normal. Antes sofrer dores durante algumas horas em um trabalho de parto do que durante semanas em um pós operatório de uma cirurgia onde sete camadas são cortadas. Ai!
O novo médico e a política da maternidade de sempre fazer o melhor para a saúde da mãe e do bebê também me convenceram. Sei que se tiver problemas durante o parto normal o procedimento será fazer a cesárea.
A gente espera sempre, de qualquer forma, não ter tanta dor, não ter trabalho de parto de 10 a 15 horas, mas também não ter o tal rompimento da bolsa sem contrações, que dizem poder apresentar risco de infecção para o bebê, que perde sua proteção sem a bolsa.
Amanhã farei a última consulta, assim se espera, pois já se completaram as 39 semanas. E serei pesada novamente. Nas últimas duas semanas o peso segundo minha balança não muito confiável aumentou 2 quilos! Eu e o Caio engordamos, eu mais agora.E com o peso extra dos dois vem mais dor de coluna, mais azia, mais dor na bexiga, costela, mais cansaço e mais sono. Ficar sentada dói a costela. Ficar em pé dói e incha a perna. Não comer dá azia, comer muito dá refluxo. Também começo a pensar que algumas mães preferem a cesárea pois costuma ser feita por aqui com 36 a 38 semanas, e elas não precisam passar por estes últimos dias. Se não se pode fazer muito vem o tédio, e a maior expectativa e ansiedade.
E aí já se passou a tal vontade de fazer tudo para esperar o bebê, e você já passou as roupas, os cueiros,fronhas, lençóis e mantas, já arrumou os protetores de berço, já leu tudo sobre recém nascidos na Bíblia do Bebê. Já preparou as malas da maternidade. Já brincou que ele estava esperando a frente fria passar, a vovó chegar para ajudar, ou presente da madrinha chegar pelo correio. E tudo já chegou. Agora então, vamos brincar que ele está a esperar a última consulta e as 41 semanas. Os apressados amigos e titios e papais podem deixar para ficar ansiosos depois das 41 semanas. E a mamãe de barriga de melancia pode caprichar no hidratante e no remédio de azia que eu vou crescer aqui no quentinho aconchegante até quando eu puder. Blé!

19 de jun. de 2015

Balão de pé

Estava quase passando a gravidez sem dois sintomas chatos. O vômito e o inchaço. Não deu. Uma noite destas o refluxo e enjoo foram maiores que o normal e veio vômito. O pé ninguém percebe pois está frio e estou sempre de sapatos fechados, mas viraram uns balões, principalmente o da direita. Imagino se estivesse quente! Pronto, grávidas inchadas não precisam me invejar. Olha o pé-balão de São João!

O Chá de bebê - ou chás de bebê

Por algum tempo pensei se faria ou não, se valeria a pena fazer um chá de bebê. Não tenho patrocínio (pai-trocínio ou mãe-trocínio), Caio não terá dindos ricos que pudessem bancar, e mesmo que tivesse, não sei se aceitaria, pois gostaria de participar da decoração e planejamento que pra mim são das coisas divertidas de se fazer festa. Dar pitaco em presente é muita folga. Cavalo dado não se olha os dentes, como diriam.
Aí colocando na ponta do lápis, de forma prática, quanto se gasta para fazer uma festa e quanto se ganha de fraldas, às vezes não parecia valer a pena financeira e praticamente falando. O chá de fralda antes da mudança seria inviável, pois não teríamos como trazer as fraldas na mudança diminuta que veio em malas no avião e dentro de um Clio Campus Hatch. Pensei em fazer um chá de bebê de roupas, pois estas se dobra e se traz em qualquer espacinho. Mas sem saber se haveria ou não mudança, achei melhor deixar para o fim da gestação. Sabendo onde nasceria o bebê, poderíamos planejar as outras coisas. O quarto, as roupas (de inverno ou de verão), e o chá. Muitos dizem ser ideal já ter um barrigão para posar nas fotos, ou para fazer aquelas brincadeiras de pintar barriga.
Uma coisa eu sabia que não queria. Brincadeiras de pintar a barriga. Trocar fralda de boneco, fazer o papai e os convidados participar de joguinhos acachapantes e supostamente divertidos. Uma amiga me informou que isto é influência americana. Parece mesmo humor americano isto de pintar, fazer os outros passar vergonha. Lembra "brincadeiras" de jogar torta, e humores "clown" os quais nunca gostei. Queria uma festa de meninos e meninas, sem separar casais.
Como quem tem amigos tem tudo, recebemos um chá de bebê surpresa. Só papai estava presente, mas os amigos não queriam deixar passar. Era pra ser uma festa de despedida básica, que o grupo de amigos por lá faz todo fim de semana e feriado. Churrasquinho e bebidinhas. Chegando lá papai é surpreendido com bolo de fraldas, decoração de roupinhas e meias azuis, carrinhos e balões. Painel de recados e vaquinha para comprar fraldas. A vaquinha foi tão farta que compramos um berço pelo valor! Rolou chororô e abraço coletivo. Eu à distância me emocionei só de ver as fotos.
Acho que isto me deu mais vontade de fazer um por aqui também, já instalados e querendo reunir os amigos para conhecer a casa. Podendo pedir fralda pois teríamos grandes armários para guardar. Lá foi despedida e chá de bebê; aqui seria uma inauguração e chá de bebê, festas multi função! Deixei as contas práticas um pouco de lado, e mesmo que financeiramente não fosse tão atrativo, valia para reunir uma primeira vez amigos na casa nova.
Uma amiga fez o grupo de discussão e assim que foi decidido o tema, já tinha símbolo e banner de evento. Também de presente vindo da dinda de casamento e profissional com mais de 10 anos de atuação, Fran Lima. Já falei que quem tem amigos tem tudo? A dinda do Caio levou para comprar as coisas da festa, sem contar com as tantas dicas de fornecedores. Papai se responsabilizou pelo prato principal (delícia!) e a família Lima deu uma boa ajuda na decoração, contando com enchimento de cerca de 100 balões em mais ou menos uma hora! Acho que é um recorde!

17 de jun. de 2015

Tchau Vovô

No dia primeiro de Abril deste ano Vovô do Caio pregou sua última peça, e foi embora desta vida de forma repentina, sem avisar, que ele não era homem de pedir autorização pra nada. Desbravador, trazia no sangue o espírito dos antepassados italianos que saíram de tão longe para buscar uma vida melhor, e ele mesmo saiu tantas vezes e de tantos lugares para novas vidas, novos rumos. O mais incrível disto é que eu era admirada pelo sogro. Ora vejam, são destas coisas que fazem a gente ficar encabulada, pois sabe ser bem menos que o admirador, merecer menos admiração do que quem admira.
Apesar de toda a criação rígida que recebeu e deu aos filhos no começo, ele era um desafio à nossa ideia preconceituosa de que velhos turrões não mudam, não perdoam, não dão mais chances depois de erros e descaminhos. Como era bonito de ver ele ouvir e perguntar ao filho sobre política, economia, futebol. Para homens antigos, com dificuldade para demonstrar sentimentos fisicamente, o amor se demonstra muitas vezes em ouvir e respeitar. Mesmo tendo muito mais vivência, era sábio o suficiente para enxergar nos outros a sabedoria que os estudos também podem trazer. E mesmo vindo da roça, ajudou o filho a estudar por muitos anos, e reconhecia na profissão de professor uma grande honra.
Vovô foi o primeiro a saber da possível vinda do Caio, depois do papai, claro. E ficou feliz de gargalhar. Depois recebeu nossa visita com o Caio já maior dentro da barriga, e ele ouviu lá de dentro esta gargalhada famosa, e a voz do vovô Severgnini.
Quando recebi a notícia inesperada uma das primeiras coisas que me fez triste foi saber que o Caio, assim como eu, não teria Vovô. E depois me consolei, com o fato de ao menos o vovô ter tido a alegria de saber de mais um neto antes de ir. Fomos ao velório e enterro, mais para apoio moral à família, segurar na hora da despedida final, quando as pernas tremem e os olhos turvam. A despedida a gente fez depois, calmamente demos nosso tchau sozinhos. Papai foi tão firme que soube consolar a família à distância, pois estava longe longe, ainda no caminho da agora antiga casa para resolver as últimas coisas da mudança. Nunca saberei como é passar por isso à distância, mas também ele pôde se despedir depois, do jeito dele, calmamente. Nunca são suficientes as despedidas, e nunca se preenche o vazio que os pais deixam. A vida para quem fica também é outra, menos colorida. Mas o Caio vai ouvir ainda muitas histórias deste Vovô serelepe, e sem saber, conhecer muito dele através do pai, ou quem sabe, dele mesmo. Tchau Vovô, sentiremos muito sua falta.

16 de jun. de 2015

Panos, cueiros, fraldas e afins

Nunca vi nos tantos sites e blogs sobre maternidade e bebês algo sobre as definições de tantos panos pedidos e sugeridos nos enxovais. É pano de boca, fralda de boca, fralda de pano, cueiro, toalha de boca, toalha com capuz, manta. Mas e aí, o que define e qual a diferença entre elas? Tamanho, tecido, grossura? O tecido em todos os lugares se sugere algodão para tudo que for de bebê, ou outros tecidos naturais, lã se for frio, por exemplo. Então por isso não conseguiria diferenciar. Tentei no "Sr. Sabe Tudo" Google aquelas pesquisas "cueiro x fralda", "manta x cueiro", ou definição:cueiro, mas em nenhuma se diz a medida ou a diferença entre os panos. Também tem definições erradas, dizendo que cueiro serve para enrolar quadril e perna. Alguém já viu um bebê recém nascido só com quadril e perna enrolado? Ele é todo enrolado, só sobra pescoço e cabeça de fora.
Minha primeira dúvida era se cueiro e fralda de pano não eram a mesma coisa. Nenhum dos dois serve (ao menos não mais é usado) para tampar o bumbum, mas os dois nos remetem a esta mesma parte do corpo, seja pelo nome, seja pela tradição. Depois, pano de boca e fralda de boca, seriam a mesma coisa? E a manta e o cobertor, qual a diferença?
Acho que as mamães sempre tem avós ou outras mamães por perto para mostrar, este é o cueiro, esta é a manta. E foi assim que me mostrou a dinda do Caio, mas já no fim da gravidez. Antes tarde do que nunca.
Resolvi ajudar as mamães de primeira viagem que podem estar confusas tanto quanto eu estava, e medi os panos e anotei as diferenças.

Fralda de pano - ganhei inúmeras destas. Parecem mesmo as fraldas antigas (acredito que poderiam ser usadas da forma convencional de fralda, se alguém tiver paciência para lavar) medem 50 x 60 cm a 52 x 63 cm, as que eu tenho. São de um tecido de algodão bem fino, quase translúcido quando posto contra o sol. Estas tem inúmeras utilidades, desde brincar de esconde esconde com o bebê, passando por secar do banho em dias quentes e limpar qualquer coisa do bebê, indo até cobrir o bilau do bebê menino enquanto troca a fralda, para que ele não faça xixi em seu rosto.

Fralda de boca - Acredito que seja a mesma coisa que fralda de pano, mas como ela é usada hoje mais para limpar golfadas, vômitos, babas, e outras sujeiras que saem da boca, resolveram adotar este nome.

Pano de boca - Este quando pedem ainda não sei se falam da mesma coisa que fralda de boca e fralda de pano, mas acredito que sejam uns menores e mais grossos, pois em uma embalagem que comprei estava escrito Pano de boca. Era um quadrado de algodão felpudo e mais grosso medindo 29 cm. Parece um pouco com flanelas de limpeza, daquelas mais grossas. Também ganhei uns de 32 cm quadrados e de 36 x 27,5 cm, um pouco mais finos.

Toalha de boca - estas que eu ganhei são as toalhas de toucador, como diriam os antigos, ou toalhas de mão, tipo aquelas usadas na academia, tecido de toalha mesmo, mas nas versões para bebês são bordadas em geral. As que eu ganhei tem 28 x 48 cm. Servem para a mesma coisa que o pano de boca.

Cueiro - Os que eu tenho medem 75 x 63 cm. São de algodão mais grosso, geralmente os dois lados da mesma cor, bem simples. São usados por baixo das mantas para enrolar o bebê nos lugares mais frios, ou sozinhos. Tem uns tecidos mais finos para lugares mais quentes também, mas eles nunca serão tão finos quanto a fralda, pois o objetivo é proteger e apertar um pouco o bebê, para ele se sentir como no útero da mãe. Apesar do nome enrolam o bebê todo.

Manta - São um pouco maiores que o cueiro, as minhas tem 80 x 80 cm e 80 x 90 cm, são também mais grossas e podem ter dupla face, forradas, para ficar mais quente. Porém são mais finas e menores que um cobertor de bebê.

Toalha com capuz - Esta é mais fácil. Toalha um pouco menor que as convencionais, e com capuz para ajudar a secar a cabeça.